segunda-feira, abril 09, 2007

Homem de cor




Homem de cor




















Era a multidão

Uma passarela...

Teu vulto

Oculto entre milhões

Eram os centuriões

O teu cárcere.


Nas cores que pintaram tua aquarela

Não fora o matiz da tua infância

Mas o negro da tua criança

Que o mundo escravizou.


Tornou-te escárnio de uma raça

Que em praça

Tantas vezes

acorrentou...Chicoteou...

E a tua inocência nada mais encontrou

Do que as lágrimas da tua ignorância!


Aquela euforia por tua presença

Tema da tua figura abandonada

Na calada da tua dor!


Tantas vezes

A fome roubava-te a lucidez

E no definhar da tua sensatez

Jogavas teu corpo pelas calçadas

Na tormenta da carência

E do desamor


Rastejava pelo passado

Em busca de um princípio

E no teu início

Nada mais que um homem de cor

Que a humanidade escravizou!


Marcou

Fez-te piadas

Motivo de risadas

Por quê?

Porque era negra tua cor!


Regilene Rodrigues Neves

Nenhum comentário: